Diversos fatores podem interferir na concentração dos indivíduos, repercutindo no rendimento escolar/profissional. Sendo assim, é importante certificar-se que não existem causas ambientais ou endógenas (intrínsecas). Ansiedade, depressão, insônia, irritabilidade, esquecimento, insegurança, diminuição das habilidades, fadiga, perda de energia, enfermidades e uso de medicações podem contribuir para dificuldade de concentração.

A dificuldade de concentração pode se manifestar de forma leve ou atingir ní- veis muito complexos, comprometendo o desempenho acadêmico e social e trazendo limitações importantes na qualidade de vida do indivíduo.

O impacto da dificuldade de concentração na criança, na família e na escola pode ser devastador, pois este transtorno muitas vezes pode persistir durante toda a vida. Em pessoas adultas, a dificuldade de concentração pode interferir até mesmo na capacidade de aspirar a conquistas profissionais e oportunidades sociais, limitando sua capacidade produtiva e estímulo no mercado de trabalho, assim como interferindo na autoimagem perante à família e a pares sociais.


“A luta humana para manter ou melhorar a concentração é muito antiga. Estudos neurobiológicos têm revelado que uma importante parcela da concentração é determinada pela transmissão no DNA…”


A luta humana para manter ou melhorar a concentração é muito antiga. Estudos neurobiológicos têm revelado que uma importante parcela da concentração é determinada pela transmissão no DNA, ou seja, pode ser transmitida às diversas gerações com penetrancia e expressão variável. Em alguns pacientes já se demonstrou a presença de disfunções no córtex pré-frontal, com déficits subsequentes nas funções executivas (responsável pelas atividades de planejamento, organização, memória de trabalho e controle dos impulsos).

Na prática, define-se a concentração como a capacidade de manter a atenção de forma prolongada. Normalmente, a concentração de cada indivíduo depende do que considera como prioridade nas escolhas. Foca-se em determinadas ações em detrimento dos demais estímulos ao redor. Fatores que envolvem a emoção (comandado pelo sistema límbico) e a memória exercem grande influência na concentração.

De acordo com a neurociência, o lobo frontal é responsável pelo comportamento e pela tomada de decisões e tem um papel relevante no processo da concentração; entretanto ela depende de um conjunto de sistemas que envolve praticamente todo o cérebro. A primeira função cerebral na concentração é a capacidade de estar alerta, depois vem a orientação (foca-se no que chama a atenção), seguida da atenção executiva (regula capacidade de prestar atenção a longo prazo, ignorando emoções e estímulos imediatos). As pessoas que têm redes executivas mais diferenciadas driblam as distrações imediatas e se concentram nos objetivos a longo prazo. O neocortex é a parte mais evoluída do nosso cérebro, responsável pela tomada de decisões a longo prazo. A parte primitiva do cérebro – cérebro reptiliano – busca recompensas imediatas, que liberam dopamina (ligado ao prazer e motivação).

O diagnóstico dos distúrbios de concentração é feito de forma clínica. Os métodos científicos disponíveis para aferir a concentração ainda são falhos. Recomenda-se a avaliação neurocognitiva por equipe especializada para descartar associação com transtornos de aprendizagem. Em alguns casos, a função executiva e a atenção podem estar prejudicadas, assim como a capacidade intelectual e de aprendizagem

Muitas coisas no ambiente em que se vive podem contribuir para maior distração e dificuldade de concentração, tais como ferramentas, links e redes sociais.

Estudos neuropsicológicos evidenciaram que a concentração pode ser estimulada e treinada com técnicas ao longo da vida, sendo fortemente influenciada através da neuroplasticidade sensorial. O conhecimento das debilidades de cada pessoa permite a utilização de estratégias ou métodos para alcançar melhores objetivos quanto à melhora da concentração, o que traz resultados gratificantes e estimulantes.

fonte: http://www.cbo.com.br/novo/geral/pdf/revista-03.pdf